Maca Peruana: O Que a Ciência Realmente Diz

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Maca peruana em pó bege em tigela de madeira com colher, cápsulas brancas e folhas verdes

Você já ouviu falar da maca peruana como o “viagra dos incas” ou “ginseng peruano”? Este pequeno tubérculo dos Andes tem conquistado academias e farmácias brasileiras com promessas tentadoras: mais energia, libido em alta e até melhora no humor. Mas será que a ciência confirma o que o marketing promete? Vamos descobrir o que as principais instituições médicas mundiais realmente dizem sobre esta raiz dourada.

IMPORTANTE: Este artigo é apenas informativo. Sempre consulte um médico antes de usar qualquer suplemento.

O Que É a Maca Peruana

A maca peruana (Lepidium meyenii) é uma raiz nativa dos Andes peruanos, cultivada há mais de 2.000 anos em altitudes superiores a 4.000 metros (1). Tradicionalmente conhecida como “ginseng peruano” ou “viagra dos incas”, essa planta adaptógena tem ganhado atenção mundial por seus potenciais benefícios à saúde.

Rica em carboidratos, proteínas, fibras, vitaminas e minerais, a maca contém compostos bioativos únicos como macamidas, macaridinas e glucosinolatos, que podem estar relacionados aos seus efeitos fisiológicos (2). Sua composição nutricional inclui vitamina C, vitamina B6, cobre, ferro, cálcio e magnésio.

Evidências Científicas Sobre os Benefícios

Libido e Função Sexual

O benefício mais estudado da maca peruana está relacionado à melhora da libido. Uma revisão sistemática de 2016 que analisou múltiplos estudos clínicos concluiu que evidências moderadas sugerem que a maca pode aumentar o desejo sexual tanto em homens quanto em mulheres após pelo menos seis semanas de uso contínuo (3).

Um estudo controlado com homens entre 24 e 44 anos demonstrou que o consumo de maca por quatro meses resultou em melhora significativa na contagem e mobilidade dos espermatozoides, com aumentos de aproximadamente 20% na contagem e 14% na mobilidade espermática (4). No entanto, é importante ressaltar que estes estudos foram realizados com amostras relativamente pequenas.

Energia e Performance Física

Algumas evidências sugerem que a maca pode melhorar os níveis de energia e resistência física. Um pequeno estudo com ciclistas treinados mostrou melhora no desempenho após 14 dias de suplementação, embora os participantes também relataram aumento da libido como efeito secundário (5).

Pesquisas indicam que os polissacarídeos presentes na maca podem contribuir para o aumento da energia e redução da fadiga, mas mais estudos são necessários para confirmar esses efeitos de forma consistente (6).

Sintomas da Menopausa

Estudos preliminares sugerem que a maca pode ajudar a aliviar alguns sintomas da menopausa, incluindo ondas de calor e irritabilidade. Pesquisas indicam possíveis melhorias no equilíbrio hormonal, qualidade do sono e redução da fadiga em mulheres na pós-menopausa (7).

No entanto, os mecanismos exatos ainda não são completamente compreendidos, e os resultados variam significativamente entre diferentes estudos e participantes.

Saúde Óssea e Metabolismo

Evidências limitadas de estudos com animais sugerem que a maca pode ter efeitos positivos na densidade óssea e no metabolismo da glicose. Um estudo mostrou que a maca pode exercer efeitos potencialmente benéficos na melhora de distúrbios metabólicos relacionados à glicose e lipídios (8).

Contudo, estas pesquisas ainda estão em estágios iniciais e requerem confirmação através de estudos clínicos robustos em humanos.

Limitações Importantes das Evidências

É fundamental entender que a maioria dos estudos sobre maca peruana apresenta limitações significativas:

  • Amostras pequenas: A maioria dos estudos foi realizada com poucos participantes
  • Duração limitada: Estudos de curto prazo não avaliam efeitos de longo prazo
  • Variabilidade na qualidade: Diferentes preparações e dosagens dificultam comparações
  • Falta de padronização: Não há consenso sobre dosagens ideais ou tempo de uso

Como observado por pesquisadores da área, “até ao momento, as alegações de saúde sobre a maca peruana não podem ser totalmente apoiadas do ponto de vista científico, sendo necessários mais estudos” (9).

Como Usar com Segurança

Formas Disponíveis

A maca peruana pode ser encontrada em diferentes apresentações:

  • : Forma mais tradicional, pode ser misturada em vitaminas, sucos ou iogurtes
  • Cápsulas: Oferece maior praticidade e controle de dosagem
  • Extrato líquido: Concentrado, mas menos comum no mercado brasileiro

Dosagens Sugeridas

Estudos utilizaram dosagens variando entre 1,5 a 3 gramas por dia, geralmente divididas em duas ou três tomadas. É recomendável começar com doses menores e aumentar gradualmente, sempre sob orientação profissional (10).

Quando Tomar

A maca pode ser consumida com ou sem alimentos. Algumas pessoas preferem tomar pela manhã devido ao possível efeito energizante, enquanto outras dividem a dose ao longo do dia.

Considerações de Segurança

Contraindicações

A maca peruana deve ser evitada ou usada com cautela em determinadas situações:

  • Gravidez e amamentação: Não há estudos suficientes sobre segurança nesses períodos
  • Doenças hormonais: Pessoas com hipertireoidismo ou tumores hormone-dependentes devem evitar
  • Problemas gastrointestinais: Indivíduos com gastrite ou úlceras podem apresentar desconforto

Possíveis Efeitos Colaterais

Embora geralmente bem tolerada, algumas pessoas podem experimentar:

  • Leve aumento da pressão arterial
  • Desconforto gastrointestinal
  • Alterações no sono (quando tomada à noite)
  • Interações com medicamentos hormonais

Alternativas Baseadas em Evidências

Para quem busca benefícios similares, existem outras opções com evidências mais robustas:

Qualidade e Procedência

Um aspecto importante é a qualidade do produto. O crescimento da demanda global levou a mudanças nos métodos tradicionais de cultivo, incluindo o uso de fertilizantes e pesticidas, que podem afetar a composição química e segurança da maca (11).

Ao escolher um suplemento de maca peruana:

  • Prefira marcas com certificação de qualidade
  • Verifique a procedência peruana
  • Busque produtos testados por laboratórios independentes
  • Consulte um profissional de saúde antes do uso

Contexto Brasileiro

No Brasil, a maca peruana é regulamentada pela ANVISA como suplemento alimentar. É importante verificar se o produto possui registro na agência e seguir as recomendações de dosagem descritas no rótulo.

O mercado brasileiro oferece diversas opções, com preços variando significativamente. A escolha deve priorizar a qualidade e procedência em vez do menor preço.

Considerações Finais

A maca peruana apresenta potencial como suplemento natural, especialmente para questões relacionadas à libido e energia. No entanto, é crucial ter expectativas realistas baseadas nas evidências científicas disponíveis.

Embora alguns estudos mostrem resultados promissores, a pesquisa ainda está em desenvolvimento e muitos benefícios alegados precisam de confirmação através de estudos mais robustos. Como destacam especialistas, “a falta de protocolos para regular a produção representa uma ameaça para a segurança dos consumidores” (12).

A decisão de usar maca peruana deve sempre ser tomada em conjunto com um profissional de saúde, considerando o histórico médico individual e possíveis interações com outros medicamentos ou suplementos.

Buscando alternativas com evidências mais sólidas? Explore nossos guias sobre Cúrcuma para inflamação ou Rhodiola rosea para stress – ambos com pesquisas mais consistentes.

FAQ – Perguntas Frequentes

A maca peruana realmente funciona?

Evidências limitadas sugerem benefícios para libido e energia, mas mais pesquisas são necessárias para confirmar todos os efeitos alegados.

Quanto tempo leva para fazer efeito?

Estudos indicam que efeitos podem ser percebidos após 6-8 semanas de uso contínuo.

Posso tomar maca peruana todos os dias?

Sim, mas sempre com orientação profissional e respeitando as dosagens recomendadas.

Maca peruana emagrece?

Não há evidências científicas robustas que comprovem efeito emagrecedor direto.

É seguro para todos?

Não. Gestantes, lactantes e pessoas com certas condições médicas devem evitar ou usar com supervisão médica.


DISCLAIMER MÉDICO: Este artigo é apenas para fins educativos. Não substitui consulta médica profissional. Sempre consulte um médico antes de iniciar qualquer suplemento ou tratamento.


Referências

  1. Gonzales GF. Ethnobiology and Ethnopharmacology of Lepidium meyenii (Maca), a Plant from the Peruvian Highlands. Evidence-Based Complementary and Alternative Medicine. 2012.
  2. Rodrigues SCS, et al. Avaliação do efeito antidepressivo de Lepidium meyenii (Maca Peruana) em estudos pré-clínicos e clínicos: uma revisão integrativa da literatura. Brazilian Journal of Health Review. 2023.
  3. Lee MS, et al. The use of maca (Lepidium meyenii) to improve semen quality: A systematic review. Maturitas. 2016.
  4. Gonzales GF, et al. Effect of Lepidium meyenii (MACA) on sexual desire and its absent relationship with serum testosterone levels in adult healthy men. Andrologia. 2002.
  5. Stone M, et al. A pilot investigation into the effect of maca supplementation on physical activity and sexual desire in sportsmen. Journal of Ethnopharmacology. 2009.
  6. Vásquez-Velásquez C, Gasco M, et al. Inflammatory pathway employed by Red Maca to treat induced benign prostatic hyperplasia in rats. 2020.
  7. Meissner HO, et al. Hormone-balancing effect of pre-gelatinized organic Maca (Lepidium peruvianum Chacon). International Journal of Biomedical Science. 2006.
  8. Rodrigo ME, et al. Disminución del daño oxidativo y efecto hipoglicemiante de la maca (Lepidium meyenii Walp) en ratas con diabetes inducida por streptozotocina. 2011.
  9. Beharry S, Heinrich M. Is the hype around the reproductive health claims of maca (Lepidium meyenii Walp.) justified? Journal of Ethnopharmacology. 2018.
  10. Brooks NA, et al. Beneficial effects of Lepidium meyenii (Maca) on psychological symptoms and measures of sexual dysfunction in postmenopausal women are not related to estrogen or androgen content. Menopause. 2008.
  11. NIH National Center for Complementary and Integrative Health. Natural Products Research. 2016.
  12. Piacente S, et al. Investigation of the tuber constituents of maca (Lepidium meyenii Walp.). Journal of Agricultural and Food Chemistry. 2002.

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