
Você conhece aquela pessoa que toma ginkgo biloba religiosamente porque “é bom para a memória”? Ou talvez você mesmo já tenha considerado este suplemento depois de esquecer onde colocou as chaves pela terceira vez na semana?
O ginkgo biloba é um dos suplementos herbais mais vendidos no mundo, especialmente entre pessoas que querem manter a mente afiada. Derivado de uma árvore que sobreviveu aos dinossauros, este extrato carrega a promessa tentadora de melhorar memória, concentração e até prevenir demência.
Mas aqui está a questão que vale alguns milhões de reais em vendas anuais: será que funciona mesmo? Harvard Health Publishing e outras instituições médicas têm pesquisado exaustivamente esta pergunta. As respostas podem surpreender você – e potencialmente economizar seu dinheiro.
IMPORTANTE: Este artigo é apenas informativo. Sempre consulte um médico antes de usar qualquer suplemento.
O Que É o Ginkgo Biloba
O ginkgo biloba é derivado das folhas da árvore ginkgo (Ginkgo biloba), também conhecida como “maidenhair tree”. Harvard Health Publishing explica que “extratos das folhas da árvore ginkgo são promovidos para melhorar a memória e prevenir e tratar demência” (1).
A árvore ginkgo é considerada um “fóssil vivo”, sendo uma das espécies mais antigas do planeta. Harvard observa que “ginkgo tem sido usado por milhões de pessoas ao longo de milhares de anos. Muitas pessoas devem ter acreditado que se beneficiaram dele” (2).
Compostos Ativos
O extrato de ginkgo biloba contém:
- Flavonoides: Compostos antioxidantes
- Terpenoides: Incluindo ginkgolides e bilobalides
- Proantocianidinas: Antioxidantes adicionais
Estes compostos são responsáveis pelos potenciais efeitos na circulação e proteção celular.
Evidências Científicas: Uma Análise Realista
Posição de Harvard Health Publishing
Harvard Health Publishing apresenta uma visão equilibrada mas cautelosa sobre o ginkgo biloba. Eles reportam que “estudos que analisam os potenciais benefícios de saúde do ginkgo mostraram resultados conflitantes” (3).
Algumas pesquisas sugerem que ginkgo “pode retardar a progressão da doença de Alzheimer e demência causada por múltiplos derrames. Ginkgo pode melhorar dor na perna causada por aterosclerose das artérias nas pernas e acelerar recuperação após um derrame” (4).
No entanto, Harvard também observa que “há também estudos que concluem que ginkgo não tem efeitos benéficos nessas várias condições” (5).
Estudos Específicos sobre Memória
Para memória em pessoas sem demência, Harvard Health Publishing é claro: “há pouca evidência de que ginkgo protege uma pessoa de desenvolver o comprometimento de memória relacionado à idade que incomoda muitas pessoas. Há ainda menos evidência de que protege contra o desenvolvimento da condição chamada comprometimento cognitivo leve” (6).
Estudo Ginkgo Evaluation of Memory (GEM)
Um dos estudos mais importantes foi o Ginkgo Evaluation of Memory, que Harvard cita: “no estudo Ginkgo Evaluation of Memory de 3.000 homens e mulheres acima de 75 anos, ginkgo não retardou declínio cognitivo ou reduziu a incidência de demência durante um período de seis anos” (7).
Evidências para Demência Estabelecida
Harvard reporta que “há alguns estudos que encontram que ginkgo pode retardar ligeiramente a progressão de demência em pessoas com doença de Alzheimer ou demência vascular. Mas outros estudos falham em encontrar tal benefício” (8).
O Lado Positivo: Onde Pode Ajudar
Embora os resultados para memória sejam desapontadores, Harvard identifica algumas áreas onde o ginkgo pode ter benefícios:
Circulação nas pernas: Harvard menciona que ginkgo pode ajudar com “dor na perna causada por aterosclerose das artérias nas pernas” (9).
Recuperação pós-AVC: Pode “acelerar recuperação após um derrame” (10), embora sejam necessários mais estudos.
Sintomas diversos: “Resultados positivos foram reportados para zumbido no ouvido (tinnitus), vertigem, e até ataques de dor de hemorroidas” (11).
Propriedades antioxidantes: Harvard reconhece que ginkgo “tem algumas propriedades antioxidantes que teoricamente poderiam prevenir o tipo de dano cerebral que leva a problemas de memória” (12).
A Realidade Complexa
O que torna o ginkgo biloba um caso interessante é que não é completamente inútil – apenas não faz o que a maioria das pessoas espera. Como observa Harvard, “muitas pessoas devem ter acreditado que se beneficiaram” dele ao longo da história (13).
O problema é a distância entre expectativa e realidade. Enquanto muitos compram ginkgo esperando uma melhoria dramática na memória, os benefícios reais parecem estar em áreas mais específicas da circulação.
Risco de Sangramento – O Alerta Mais Importante
O risco mais sério, e que muitas pessoas desconhecem, é o potencial de sangramento. Harvard Health Publishing faz um alerta direto: existe “um problema potencial mais sério é um risco aumentado de sangramento, particularmente se você está tomando um medicamento que ‘afina o sangue’, como aspirina, varfarina (Coumadin), ou clopidogrel (Plavix)” (14).
Isso não é apenas uma precaução teórica. Harvard explica que “ginkgo faz o oposto — aumenta o efeito da varfarina” (15), o que pode levar a sangramentos graves em pessoas que tomam anticoagulantes.
Outras Interações Perigosas
Harvard também alerta que “tomar ginkgo com certos outros remédios herbais, como alho, ou vitaminas (particularmente vitamina E) apresenta o mesmo problema” de aumento do risco de sangramento (16).
Efeitos Adversos Específicos
Além do sangramento, Harvard documenta outros riscos:
- Convulsões: “ginkgo pode aumentar a frequência de convulsões em pessoas que têm epilepsia” (17)
- Hipoglicemia: “poderia causar níveis perigosamente baixos de açúcar no sangue em pessoas tomando medicamentos para baixar açúcar” (18)
- Alergias: “Algumas pessoas são alérgicas ao ginkgo, o que é mais provável se você reage facilmente à hera venenosa ou carvalho venenoso” (19)
A Questão da Qualidade
Um ponto crucial que muitos consumidores ignoram: Harvard enfatiza que “a FDA não regula a fabricação de qualquer remédio herbal, então a pureza e potência do ginkgo biloba que você compra não foi verificada” (20).
Isso significa que você pode estar pagando por um produto que contém pouco ou nenhum ingrediente ativo, ou pior, contaminantes não identificados.
Perspectiva dos Especialistas
Posição Atual da Medicina
Harvard Health Publishing apresenta a posição atual da comunidade médica: “ainda não chegou o tempo” para um consenso sobre os benefícios e riscos do ginkgo. “São necessários tempo e muitos estudos antes que emerja um consenso sobre os benefícios e riscos de qualquer tratamento. Para ginkgo, esse tempo ainda não chegou” (18).
Recomendação de Harvard
Harvard sugere que “devemos estar estudando ginkgo com o mesmo rigor que estudamos medicamentos farmacêuticos — não descartando-o porque é uma ‘medicina alternativa’” (19).
Suplementos para Memória em Geral
Harvard Health Publishing tem uma visão geral cautelosa sobre suplementos para memória: “você pode riscar a maioria desses produtos da sua lista de compras por falta de evidência. ‘Há muitas coisas por aí para as quais não temos dados sobre se são seguras ou fazem alguma coisa para ajudar’” (20).
Comparação com Outras Abordagens
Alternativas com Evidências Mais Sólidas
Harvard Health Publishing recomenda focar em abordagens com evidências mais robustas:
Para saúde cerebral:
- Exercícios físicos regulares: “Minha recomendação mais forte são exercícios físicos regulares” (21)
- Dieta mediterrânea: “Dieta estilo mediterrâneo” (22)
- Atividade mental: Estimulação cognitiva contínua
Para memória:
- Exercícios regulares
- Alimentação saudável
- Sono adequado
- Controle do stress
Dosagens e Uso (Se Decidir Usar)
Dosagens Estudadas
Os estudos utilizaram diferentes dosagens, tipicamente:
- 120-240mg por dia do extrato padronizado
- Dividido em 2-3 doses
- Preferencialmente com alimentos
Forma de Extrato
É importante usar extratos padronizados (EGb 761 é uma formulação comumente estudada) em vez de folhas secas, que podem conter compostos irritantes.
Considerações Especiais
Quem Deve Evitar
Baseado nos alertas de Harvard, devem evitar ou usar com extrema cautela:
- Pessoas que tomam anticoagulantes
- Indivíduos com epilepsia
- Diabéticos (especialmente em medicação)
- Pessoas alérgicas a plantas da família Ginkgoaceae
- Gestantes e lactantes
Monitoramento Necessário
Se usar ginkgo biloba:
- Monitore sinais de sangramento
- Informe todos os médicos sobre o uso
- Suspenda antes de cirurgias
- Observe interações com outros medicamentos
Contexto Brasileiro
Disponibilidade
No Brasil, ginkgo biloba está disponível como:
- Suplemento alimentar
- Medicamento fitoterápico
- Produto manipulado
É importante verificar registro na ANVISA e qualidade do produto.
Alternativas Nacionais
Considere opções com evidências mais sólidas disponíveis no Brasil:
- Ômega-3 para saúde cerebral
- Exercícios físicos para circulação
- Atividades cognitivas para memória
Considerações Finais
A análise das evidências sobre ginkgo biloba revela um quadro complexo. Como observa Harvard Health Publishing, embora “muitas pessoas devem ter acreditado que se beneficiaram” do ginkgo ao longo da história (23), as evidências científicas modernas são inconsistentes.
Os estudos mais rigorosos, como o Ginkgo Evaluation of Memory, não demonstraram benefícios significativos para prevenção de demência ou melhora da memória em pessoas saudáveis. Para demência estabelecida, os resultados são conflitantes e, quando positivos, modestos.
Os riscos, particularmente o aumento do risco de sangramento, são bem documentados e podem ser sérios, especialmente para pessoas que tomam anticoagulantes.
Harvard Health Publishing conclui apropriadamente que “são necessários tempo e muitos estudos antes que emerja um consenso sobre os benefícios e riscos” do ginkgo biloba (24).
Enquanto esperamos por evidências mais robustas, é prudente focar em abordagens com comprovação científica mais sólida para saúde cerebral e memória. Afinal, seu dinheiro e sua saúde merecem investimentos baseados em ciência, não em esperança.
Interessado em alternativas com evidências mais sólidas? Confira nossos artigos sobre exercícios para o cérebro ou Ômega-3 para saúde cerebral – ambos com evidências muito mais consistentes.
FAQ – Perguntas Frequentes
Ginkgo biloba realmente melhora a memória?
Evidências de estudos rigorosos não demonstram benefícios consistentes para memória em pessoas saudáveis.
É seguro tomar com outros medicamentos?
Não para anticoagulantes. Pode aumentar risco de sangramento e interagir com vários medicamentos.
Quanto tempo leva para fazer efeito?
Estudos que encontraram benefícios os observaram após 6-12 semanas, mas evidências são inconsistentes.
Previne Alzheimer?
O maior estudo (GEM) não encontrou benefícios para prevenção de demência em 6 anos de acompanhamento.
Todos os produtos são iguais?
Não. A FDA não regula a qualidade, então potência e pureza variam entre marcas.
Tem efeitos colaterais?
Sim, incluindo risco aumentado de sangramento, possíveis reações alérgicas e interações medicamentosas.
DISCLAIMER MÉDICO: Este artigo é apenas para fins educativos. Não substitui consulta médica profissional. Sempre consulte um médico antes de iniciar qualquer suplemento ou tratamento.
Referências
- Harvard Health Publishing. Why dietary supplements are suspect. 2016.
- Harvard Health Publishing. By the way, doctor: Ginkgo biloba: What’s the verdict? 2018.
- Harvard Health Publishing. By the way, doctor: Ginkgo biloba: What’s the verdict? 2018.
- Harvard Health Publishing. By the way, doctor: Ginkgo biloba: What’s the verdict? 2018.
- Harvard Health Publishing. By the way, doctor: Ginkgo biloba: What’s the verdict? 2018.
- Harvard Health Publishing. Ask the doctor: Ginkgo biloba for memory: Is it safe? 2014.
- Harvard Health Publishing. Why dietary supplements are suspect. 2016.
- Harvard Health Publishing. Ask the doctor: Ginkgo biloba for memory: Is it safe? 2014.
- Harvard Health Publishing. By the way, doctor: Ginkgo biloba: What’s the verdict? 2018.
- Harvard Health Publishing. By the way, doctor: Ginkgo biloba: What’s the verdict? 2018.
- Harvard Health Publishing. By the way, doctor: Ginkgo biloba and dementia. 2009.
- Harvard Health Publishing. By the way, doctor: Ginkgo biloba: What’s the verdict? 2018.
- Harvard Health Publishing. By the way, doctor: Ginkgo biloba: What’s the verdict? 2018.
- Harvard Health Publishing. Ask the doctor: Is it safe to take ginkgo with warfarin? 2010.
- Harvard Health Publishing. By the way, doctor: Ginkgo biloba: What’s the verdict? 2018.
- Harvard Health Publishing. By the way, doctor: Ginkgo biloba: What’s the verdict? 2018.
- Harvard Health Publishing. By the way, doctor: Ginkgo biloba: What’s the verdict? 2018.
- Harvard Health Publishing. By the way, doctor: Ginkgo biloba: What’s the verdict? 2018.
- Harvard Health Publishing. By the way, doctor: Ginkgo biloba: What’s the verdict? 2018.
- Harvard Health Publishing. Mind and memory supplement scorecard. 2012.
- Harvard Health Publishing. Mind and memory supplement scorecard. 2012.
- Harvard Health Publishing. Mind and memory supplement scorecard. 2012.
- Harvard Health Publishing. By the way, doctor: Ginkgo biloba: What’s the verdict? 2018.
- Harvard Health Publishing. By the way, doctor: Ginkgo biloba: What’s the verdict? 2018.
Deixe um comentário